Moscavide: *219 458 670 / Portela: *219 446 417 | Email: geral@jf-moscavideportela.pt
*(Chamada para rede fixa nacional)

DISCURSO DO 50° ANIVERSÁRIO DO 25 DE ABRIL | PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA DE MOSCAVIDE E PORTELA

A intervenção do Sr. Presidente da Junta de Freguesia, Ricardo Lima, nas comemorações do 50° aniversário do 25 de abril de 1974, organizadas pela Junta de Freguesia. ⤵️
“Senhor Presidente da Câmara Municipal de Loures,
Senhoras e Senhores Vereadores,
Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Loures,
Senhores Deputados Municipais,
Senhor Presidente da Assembleia de Freguesia de Moscavide e Portela,
Senhoras e Senhores Eleitos na Assembleia de Freguesia,
Meus Colegas do Executivo,
Caras Convidadas e Caros Convidados,
Moscavidenses e Portelenses,
Caras Amigas e Caros Amigos,
Há 50 anos, mais ou menos por esta hora, percebia-se nas ruas, nos sorrisos e nos olhares das pessoas, um misto de esperança, alegria e inquietação pelas notícias que chegavam.
Era a Democracia, era o Fim da Guerra, era acima de tudo a Liberdade que nos entrava pela porta adentro.
Há 50 anos a rua carregava em si um rio de esperança e de vontade que acontecesse aquilo que ainda não conhecíamos, que fossemos nós a escolher as palavras que queríamos dizer, que fossemos nós a escolher o nosso caminho, que fosse o Povo a decidir o Futuro.
Nessas horas, recordam-se os mais experientes, viveram-se dias e acima de tudo recordavam-se 48 anos cinzentos, em que as cores que a Liberdade estiveram, como mais de 30 mil pessoas, presas por um regime que nos dizia o que ler, o que ouvir, para onde ir e até o que deveríamos pensar.
As ruas, em 25 de Abril de 1974, abriram-se aos sorrisos, à esperança, à celebração coletiva de perceber que mesmo que não soubéssemos para onde ir, sabíamos que não queríamos continuar a ir por ali.
50 anos depois importa perceber onde ficaram os sorrisos, se a esperança continua a fazer sentido e se de facto mudámos o futuro para não continuar a ir por ali.
Olhando em perspetiva este caminho comum e partilhado, não podemos deixar de afirmar que apesar de todos os obstáculos, tem valido a pena. Tem valido o esforço de nos afirmarmos como uma Democracia que olha para as PESSOAS como o centro da preocupação e, acima de tudo, tem valido a pena que a Liberdade que nos foi entregue através da coragem daqueles que saíram do conforto e se expuseram ao risco, seja usada para continuarmos a crescer, a evoluir e a Desenvolver um País feito de esforço e ambição.
Por isso mesmo, e porque AFIRMAR Abril é AFIRMAR Portugal, importa sublinhar hoje, como há 50 anos e como daqui a 50 anos que Abril será sempre mais, muito mais que uma data, um acontecimento ou uma efeméride que serve exclusivamente para eruditos discursos de salão.
ABRIL é da Rua. Abril é de TODOS. Abril É NOSSO!
Por isso, o 25 de Abril foi, é, e deverá continuar a ser uma data de refundação. Celebrar Portugal a partir de uma Revolução como FORÇA de UNIÃO e energia de TRANSFORMAÇÃO.
Abril é o recomeço, a mudança, a capacidade de nos unirmos na diferença e, porque não, a possibilidade de a partir das nossas diferenças construirmos as pontes que nos faltam e a força que nos impulsione para superar os desafios com que somos confrontados.
Caras Amigas e Caros Amigos,
Agora com 50 anos, Abril, tem a capacidade de se OLHAR e através desse espaço de reflexão, permitir-se a entender onde estamos e, como sempre, entender a realidade e sobre ela agir para melhorar.
Estamos hoje em tempos de perplexidade e desafio.
A perplexidade que surge de saudosismos que entendem que o Estado a que isto chegou, é o estado a que queremos chegar.
No plano interno o Racismo e o Populismo dão corpo ao pior de todos os “ismos”: o EGOÍSMO.
Essa característica que está na base ao pensamento de que o meu problema é mais importante que o nosso problema, que a minha rua é mais importante que a nossa praça, ou que o meu sonho e ambição é mais relevante que a tua e por isso tem mais significado.
É no EGOÍSMO que se fundam todas as distâncias entre nós e eles, entre eu e os outros, tenham eles uma religião diferente, uma cor diferente, tenham eles vindo de um país diferente ou amem de forma diferente.
É a partir do EGOÍSMO que nasce o medo do diferente e desse medo, os conflitos que nos separam, seja na nossa rua, seja na nossa cidade, seja entre países e povos.
EM ABRIL, a DIFERENÇA nunca será separação, antes o estímulo ao trabalho, à capacidade de entender, de ouvir para compreender, de evoluir e respeitar.
50 anos de ABRIL comemoram-se também sob um manto de desafios.
No plano externo a realidade pesada de uma situação complexa em que surgem focos de guerra que facilmente nos poderão conduzir a um conflito de escala global e, por consequência a uma catástrofe mundial.
Mas se essa catástrofe é um risco sério e real, outra está a acontecer nas horas dos dias que passam. As ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS representam já mais movimentos de refugiados de que os conflitos armados e serão, a breve prazo, responsáveis por carências alimentares que nos conduzirão, caso mantenhamos a cegueira coletiva sobre os seus efeitos, à mais destruidora onda de perdas de vidas.
É nesta perplexidade e desafio que a política deve ganhar a nobreza de estar onde é mais precisa. Naturalmente nas instituições que nos representam, mas também próxima das PESSOAS e nessa perspetiva, as autarquias locais são essenciais e elementares.
Sendo uma das principais conquistas de ABRIL, as autarquias locais foram e são espaços de trabalho de milhares de pessoas que serviram, ao longo destes 50 anos, as suas comunidades mais próximas. Mulheres e Homens que se permitiram sonhar com um Portugal em que o problema do seu vizinho é também o seu problema. Que o sonho das suas crianças fossem também os sonhos de todas as crianças e que os mais velhos fossem menos velhos, menos dispensáveis e mais importantes que as idades que apresentam.
É nas Autarquias Locais que as PESSOAS mais confiam, pela sua proximidade aos problemas e por conseguirem, apesar dos recursos limitados, fazer face às questões mais urgentes em áreas tão sensíveis como a saúde, a educação ou a segurança, porque mesmo não sendo uma competência ou responsabilidade, será sempre uma preocupação e ABRIL é isso mesmo, a capacidade de encontrar soluções.
Sim, Abril será sempre incompleto porque nenhum país está acabado, nenhuma Liberdade está absolutamente protegida, nenhuma Democracia é completa.
Abril faz-se, todos os dias porque todos os dias é preciso aprofundar a Comunidade e desafiar o conformismo, o imobilismo ou o fatalismo.
É por isso que devemos deixar que Abril nos desafie, que devemos permitir-nos a questionar, que devemos trazer para o presente aquilo que o futuro nos deixa ver.
Caras Amigas e Caros Amigos,
Os desafios estão hoje claros.
Se em 74 queríamos Democracia, hoje precisamos dela. Se em 74 desejámos a Liberdade, hoje teremos de defendê-la dos ataques constantes seja pelos discursos populistas que confundem factos com opiniões, seja pela simplificação de respostas a problemas complexos, que no fundo não são respostas e muito menos soluções, mas apenas manipulação.
Estão particularmente claros os riscos com que nos confrontamos. Os vários desafios estão aí e as pessoas precisam de respostas, porque se algo Abril nos mostrou é que não devem haver limites para o sonho. Sonhar ter uma casa; sonhar ter um futuro; sonhar ter uma família; sonhar ter uma carreira; sonhar poder amar quem queremos; sonhar poder viver onde queremos; sonhar sermos quem queremos ser; sonhar ter uma vida que no fim possamos dizer que valeu a pena.
A Liberdade que nos permite ser quem queremos ser, dizer o que achamos estar correto dizer, fazer o que entendemos dever ser feito e, acima de tudo, a Liberdade em temos a obrigação de exigir o respeito pela opinião, pela Democracia, pela capacidade das Comunidades poderem crescer e desenvolver-se.
A ÚNICA garantia de LIBERDADE são as PESSOAS. Mulheres e Homens que a partir dos seus sonhos continuam a construir o FUTURO.
Aos desafios de Abril: Descolonizar. Democratizar e Desenvolver, nascem hoje nestas ruas outros DESAFIOS que queremos continuar a vencer e que ACREDITAMOS que JUNTOS iremos conseguir, porque os sorrisos e esperança nas ruas em ABRIL de 74 devem continuar a ser o SONHO e AMBIÇÃO do Abril de 2024.
ESSA foi a MISSÃO que nos foi confiada pelos CAPITÃES e é também o EXEMPLO que devemos deixar a quem nos vai suceder.
Este projeto é PORTUGAL e o CAMINHO é a SOLIDARIEDADE.
Sejamos Abril nas palavras e nos gestos, nas frases e nas ações.
Viva o 25 de Abril
Viva a freguesia de Moscavide e Portela
Viva o Concelho de Loures
Viva Portugal”
O Presidente da Junta de Freguesia de Moscavide e Portela | Ricardo Lima
6 views